terça-feira, 24 de abril de 2012

Fábula: A Cigarrinha Melindrosa

FÁBULA
A Cigarra Melindrosa
Era uma vez, uma cigarra chamada Melindrosa, ela fazia parte de um lindo coral. Juntavam-se cigarras, sapos, grilos e outros animais para ensaiarem todas as tardes em um lugar chamado "O Vale da Aurora".
O coral costumava se apresentar em eventos de casamentos, batizados, páscoa, natal, ano novo e muitas outras comemorações.
Melindrosa, era muito disciplinada, nunca faltava aos ensaios e amava o que fazia. Sua vida era cantar, sua paixão era a música. O regente do coral era muito exigente, e não admitia faltas, já havia dispensado três componentes do coral por terem sem nenhuma justificativa faltado aos ensaios.
Certa vez, Melindrosa ficou muito doente, com a garganta inflamada e com muita febre. Ficou acamada e impossibilitada até de falar, mas já sabia de trás pra frente toda a sua partitura. Além dos ensaios com os companheiros a cigarrinha também ensaiava em casa. Toda hora ela estava cantando e tinha uma linda voz.
Melindrosa sabia que ia acontecer um grande evento dois dias depois daquele ensaio que não estava participando, precisava se recuperar o mais rápido possível para não perder o evento. Tomou antibiótico para desinflamar sua garganta, seu principal instrumento de trabalho. Estava muito ansiosa pelo dia que ia apresentar-se.
Chegou o grande dia, Melindrosa já tinha se recuperado, produziu-se toda saindo de casa orgulhosa de si mesma para o dia tão especial e tão esperado de sua vida.
Ela reencontrou seus companheiros que ficaram muito felizes em tê-la de volta no coral.
Enquanto o regente não chegava, todos se organizavam para se apresentarem.
As pessoas que chegavam, sentavam-se ansiosos para assistir àquela apresentação. Quando o regente chega, vê que todos já tomaram seus lugares. Melindrosa sorri para seu regente, este ao vê-la, chama-a para uma rápida conversa, em seguida, Melindrosa vai para casa chorando e nunca mais volta.
Depois de algum tempo, um dos membros arrisca-se a perguntar ao regente o que havia acontecido com Melindrosa e porque não estava mais nos ensaios sendo ela tão visivelmente apaixonada pela música. O regente sem oscilar logo responde:
- Eu a dispensei pelas tantas faltas que tinha.
O colega da cigarrinha insistiu defendendo-a:
- Mas ela estava doente.
O regente cheio da razão olhou para ele seriamente e disse:
- Todos já conhecem as regras, quem falta mais de uma vez tá fora.
O amigo da cigarrinha fixou bem nos olhos do regente e falou:
- Sr Regente, melhor é matar os sonhos da cigarrinha para manter viva uma regra?
O regente do coral que era um grilo muito famoso em toda a comunidade aurorience abaixou a cabeça, reconheceu sua altivez e autoritarismo, e buscou com urgência consertar aquela grande injustiça.
Melindrosa voltou a participar dos eventos com muito glamour; sua voz era linda e admirada por todos; era sempre aplaudida de pé. Assim o regente viu o grande erro que havia cometido e que a tempo teve a oportunidade de corrigir.
Moral da historia:
Não podemos usar nossa autoridade para determinar até onde o outro pode ir.
Ouvir primeiro é sempre melhor que proceder sem pensar.
Suely M. Sales Duarte